quarta-feira, outubro 19, 2005

N' Zahíra

É frio e distante, mas perto e tão cá dentro. Estranho quando se vive o confronto naquele barulho profundo, naquela explosão de maré, já ali, naquela faixa de areia quase inalcançável, um pouco antes da luz das estrelas. Não me atrevo a tocá-lo, sou pequeno. Gosto mais do areal, de estar aqui, deitado de lado, a ouvir os abraços dos grãos de areia. Lá ao fundo, no meu horizonte, há estrelas que mergulham no mar, docemente, lentamente, levemente. Estou ligado à terra, num amor quente, sereno, muito muito grande.
Não oiço falar a minha língua. Tudo soa a fácil e muito a falso. Angústia e verdade. Busco, vivo já. Não sei o que sentir, ando à roda a tentar debicar sustento do espírito. Fervo. Evaporo. Paro. Sou de mais que do mundo, de ninguém humano. Sorrio. Regressar aqui é bom. Paz à alma e ao corpo. Há vida em mim, e amor, só isso.