sexta-feira, novembro 18, 2005

grãos de areia...

No deserto não há deserto.
No deserto há nada, havendo mais que tudo. Todo o pó conta, todos os grãos de tudo são. Então, o deserto é deserto, mas o deserto não é nada. É antes tudo, mais que tudo até. O deserto é perfeito, porque tem coisas que são.
Parece vazio, informe, mas é. E isso vale e, se vale, vive, e, se vive, é absolutamente vivo.
No deserto deixa de haver deserto. Na mais profunda solidão, não estamos sós, estamos com o amor, todo. A vida não acaba ali, tem ali uma profunda fonte de existência.
Não desejo o deserto, mas quero estar pronto.